sábado, 7 de maio de 2011

Roda Griô: Educação, Gênero e Afrodescendência

No dia 15 de abril aconteceu o segundo encontro "Roda Griô" na Universidade Federal do Piauí.  

 
PROGRAMAÇÃO
14h-16h
TEMA:
O Papel da(o)   Pesquisadora(r)   na  Globalização Perversa: Impasses e Desafios.
MESA:
Elizete Dias da Silva
Haldaci Regina da   Silva
Luciênia Libânio P. Martins       
Ranchimit B. Nunes
(Mestrandas(o) em  Educação PPGEd/UFPI)


16h-18h
TEMA:
Saber, Pesquisa e Atuação Social
MESA:
Ana Carolina M. Fortes
Francilene B. da Silva
Raimunda F. G. Coelho 
(Mestrandas em Educação PPGEd/UFPI)
Coordenador: Prof. Francis Musa Boakari (Ph.D./PPGEd/UFPI) 
Encerramento


Elizete Dias da Silva durante sua exposição disse que a academia parece que nos impõe a “tirar o coração” nas pesquisas que fazemos, se referindo às subjetividades humanas. Elizete vem desenvolvendo uma pesquisa numa comunidade de remanescentes de quilombo, mas que, diferentemente de muitas, é de mais fácil acesso daquelas existentes no Brasil. Localizada na zona rural da cidade de Teresina, esta comunidade, muitas vezes, apresenta, na visão da pesquisadora, um comportamento negativo quando chamada a mostrar suas qualidades e, também, ao ser mencionada pelo povo da localidade, é vista com estigmas. Sua pesquisa versa sobre o por quê das atitudes negativas com relação a essas e esses afrodescendentes. Falou da vida da comunidade como um contínuo movimento onde a “vida corre” e alguns posicionamentos acadêmicos com relação a esse contínuo.

Haldaci Regina da Silva veio trazendo um vídeo documentário sobre o “Candomblé” e fez uma ligação do que foi exposto com a situação da sua pesquisa sobre os Terreiros de Umbanda e Candomblé no Piauí e a educação que as Mães de Santo exercem nesses terreiros. Lembra que Teresina tem mais Mães de Santo do que Pais de Santo e, que, trazer essas populações para serem estudadas na academia, é um desafio que nos faz refletir: Por que tanto preconceito contra as religiões de matrizes africanas e não com aquelas ocidentais? Ser afrodescendente implicaria algo sobre esses preconceitos, discriminações e racismos?


Luciênia Libânio P. Martins vem fazendo pesquisa na área da psicologia e quer saber mais como as mulheres afrodescendentes fazem para ter mobilidade social ascendente e como a auto-estima x baixa estima influenciam nas atitudes e comportamentos de tais mulheres. Luciênia também mostrou um vídeo com várias mulheres de sucesso nas sociedades  modernas e contemporâneas. Parece que a resiliência, a inteligência, a perspicácia das mulheres são fatores que podem fazer a diferença em seus percursos sociais.


Ranchimit B. Nunes está trabalhando com um tema ligado às comunidades quilombolas. Ele fez uma experiência em uma comunidade do sul do Piauí em uma escola quilombola e trouxe para o Roda Griô aquilo que o motivou fazer pesquisa. Na comunidade que trabalhou como pedagogo, é pequeno o número de pessoas que se reconhecem como descendentes de africanos, segundo o mestrando. Ele pretende ainda focalizar o seu trabalho, que ainda está iniciando, na questão de gênero e afrodescendência como influência na educação escolar local.
Saber, Pesquisa e Atuação Social
Prof. Francis Musa Boakari falou um pouco sobre a importância das nossas histórias como pesquisadoras e pesquisadores, e também das vivências com o tema da afrodescendência na academia. Lembrou que, as histórias contadas nesse Roda Griô, fazem parte de tentativas de estarmos comprometidos e comprometidas com as transformações sociais e culturais para alcançarmos perspectivas mais justas.
Ana Carolina M. Fortes narrou um pouco de sua aproximação “embrionária” com o tema que pretende ainda pesquisar no campo da educação escolar aliado às discussões sobre o rendimento dos estudantes afrodescendentes x não-afrodescendentes em escola particular, no cenário teresinense. Discorreu ainda, sobre as possíveis modificações desse estudo, devido às discussões sobre gênero e afrodescendência que vem observando.
Raimunda F. G. Coelho vem organizando seu projeto de pesquisa no âmbito das comunidades quilombolas de São João do Piauí, pensando mais os aspectos das políticas públicas, da comunicação e do movimento social organizado por pessoas dessas comunidades, a pesquisadora traz amplas discussões que serão, com o avançar dos estudos, revistas. E, a partir disso, irá focalizar o seu objeto de estudo e fazer um recorte mais definido do seu problema de pesquisa. Mas, já acentua em sua fala o potencial que essas comunidades vêm desenvolvendo ao longo da história brasileira, piauiense, etc.
"sacos de vivências ou mercadorias"
Francilene Brito da Silva falou dos seus estudos e história pessoal e profissional ligados ao tema da arte afrodescendente brasileira. Introduziu seus pensamentos com uma dinâmica que intitulou de “Sacos de Vivências ou Mercadorias”, onde as(os) partícipes do evento levantaram e foram interagir com vários elementos como: papelão, plásticos e imagens de arte afrodescendente brasileira, que se encontravam dentro de sacos transparentes como se tivessem expostos numa feira livre onde cada pessoa escolhia sua imagem  (escondida no fundo de cada saco). Quis com isso, que refletíssemos sobre o que é que chamamos de “Arte Afrodescendente”. Quais os silenciamentos, os estigmas, os estereótipos presentes nessas imagens? Trouxe ainda reflexões de Antonieta Antonaci e Alberto da Costa e Silva sobre essas artes. Os sujeitos de sua pesquisa serão três professoras/educadores de Arte de Teresina. Entre discurso e prática dessas professoras serão observadas, dentre outras coisas, as ligações que tecem com a Lei 10.639/2003 e 11.645/2008 – que versão sobre História e Cultura Africana e Afro-Brasileira...

Um comentário:

  1. Acredito que são essas iniciativas que irão ajudar a transformar o espaço acadêmico, dialogando e trasverzalizando o dialogo a partir de múltiplos sujeitos.

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