Pela natureza do estudo, a metodologia proposta e as pessoas a serem envolvidas, acredito que há um limitado número de riscos e dificuldades. Entretanto, quando um pesquisador está tratando de outras pessoas, outros agentes sociais, é sempre aconselhável se preparar para situações previsitas. Neste sentido, o maior risco previsto é que as entrevistas levem as participantes a lembrarem de experiências negativas, situação que poderia lhes causar incomodo psicológico. Se isto vier a acontecer, acredito que com muito cuidado e carinho, lembranças emocionalmente perturbadoras, poderiam ser prevenidas ou trabalhadas ou controladas pelo pesquisador e a entrevistada através de uma conversa aberta. Se esta medida não ajudar, a assistência de um outro profissional seria recomendada.
Um outro risco consistiria na “fabricação de estórias” por uma entrevistada a fim de se fazer passar por uma outra pessoa. Em relação à uma tentativa de contribuir narrativas fictícias, as entrevistas focalizadas ajudariam detectar tais tramas, e assim, ajudar eliminar tais estórias; “contos de fada” que contaminariam a confiabilidade das informações se deixadas para fazer parte dos dados a serem analisados e interpretados.
Um terceiro risco neste estudo envolveria o chamado síndrome “da perda de voz dos participantes numa pesquisa qualitativa”. Esta situação acontece quando o pesquisador relata as informações que ele quer relatar para levar os dados a confirmar as suas hipóteses, e assim, excluindo as informações e evidências fornecidas por uma pessoa que foi entrevistada. A melhor maneira de controlar este risco é através de auto-controle, ficando consciente de que a investigação envolve as mulheres sujeitos, e não o pesquisador, muito menos as bolsistas. Este risco também, será controlado através da checagem das informações por cada participante na fase da organização e análise dos dados. Desenvolvimento das atividades de pesquisa em grupo, envolvendo docente e discentes pesquisadores, também, está ajudando proteger o projeto do citado perigo científico.
Em termos das possíveis dificuldades, estou ciente de dois problemas que poderiam ainda, comprometer o estudo de modo significativo. O primeiro diz respeito à demora no recrutamento de participantes com informações mais relevantes para melhor entender o problema desta pesquisa. Esta situação está sendo influenciada pela natureza do estudo que envolve mulheres afrodescendentes de pelo menos trêgerações diferentes. Apesar de ser uma barreira que está dificultando um desenvolvimento dos trabalhos de acordo com o cronograma pensado, gradativamente, participantes mais relevantes para a pesquisa estão sendo encontradas. Com a participação continuada das bolsistas e outros assistentes de pesquisa, os efeitos negativos desta situação estão sendo controlados.
Uma dificuldade prevista envolve o não-cumprimento adequado do cronograma do projeto. No tocante a tal possibilidade, além de contemplar esta possibilidade na programação prática do estudo, se e quando for necessário, o calendário de atividades da pesquisa será modificado a fim de fazer com que o mesmo ajude em fazer o estudo mais exequível. Outras adaptações serão acomodadas quando necessário, especialmente quanto às participações de um contingente significativo de mulheres afrodescendentes que poderiam fornecer informações relevantes para a questão central do estudo.
Finalmente, para garantir a natureza voluntária da participação das mulheres, cada uma solicitada a ser entrevistada, receberá todos os esclarecimentos sobre o projeto. Receberá, também, para maiores esclarecimentos, o informativo, TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO e uma ficha (Anexo B), a ser assinada e arquivada pela equipe.
As discussões giram em torno das nossas afrodescendências na sociedade brasileira bem como das questões de gênero e educação. Como enfrentar as marginalização e exclusão permanentes desta sociedade com raízes colonizadoras-racistas?
terça-feira, 14 de setembro de 2010
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