terça-feira, 20 de outubro de 2020

PROJETO COVID-19: NARRATIVAS E CUIDADOS DAS PESSOAS AFRODESCENDENTES EM RELAÇÃO À PANDEMIA




Mediadores: Simoní Portela e Carlos Henrique                  Dia: 23/10/2020

(Meet: https://meet.google.com/nni-xswd-hby)


1. Memória e sensibilização:


Casca de Baobá como memória, oralidade e ancestralidade – existências de uma afrodiaspórica viva, política, histórica e interepistêmica;

Baobá – força vital que estrutura linguagem, cosmopercepções para (re)existir em meio a injustiça cognitiva uno-versalizada;


  • O que lembramos e escrevemos com as cascas do Baobá?

  • Quais as cascas de Baobá – e essas como lócus – para existir, resistir e portestar/manifestar-se?


2. Referência: 


Texto: Trabalho e Justiça Social A Questão Racial e o novo coronavírus no Brasil - Nilma Lino Gomes, Julho de 2020. Disponível:  https://drive.google.com/drive/u/7/folders/1X1PospPLyqqp-AVeSxtzBsGRgd-92dRZ


Vídeo: Esperança e imaginação política – Canal Tempero Drag. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=iqI7ZHVniSg

Vídeo: Emicida anuncia ausência em protestos por conta da Pandemia do coronavírus. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=EcoNpF-eZNM&feature=youtu.be


3. Mais sensibilização: 

  • O que é manifestação e protesto?

É um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião pública. No Brasil, o direito de manifestação e protesto constitucionalmente pela combinação de três direitos elencados no artigo 5º da Constituição Federal. Entre eles liberdade de expressão, liberdade de reunião, liberdade de associação, entre outros. Mas afinal, que manifestações e protestos aconteceram durante a pandemia? Historicamente sempre estivemos em manifestação e protesto, antes mesmo da pandemia. A crise com o coronavírus (covid19) apenas acentuou ainda mais as desigualdades sociais, o principal gatilho para todas as ações a seguir. Uma listagem de algumas das manifestações e protestos que aconteceram e acontecem durante a pandemia, entre eles:

O panelaço #ForaBolsonaro, tuitaço #AdiaEnem, #blacklivemastter e #VidasNegrasImportam, atos de rua com as torcidas organizadas pela democracia, manifestações em Defesa dos trabalhadores da Saúde, Manifestações em defesa da amazônia e o pantanal, Manifestções contra o extermínio dos povos quilombolas, indígenas, Manifestações contra Interventores nas Universidades Públicas, manifestações pro e contra o aborto, manifestções  grito dos excluídos, movimento 300 liderado pela Sara winter, carreatas de apoio ao bolsonaro e a reabertura precoce do mercado, entre diversas outras ações. 

  • [...] É tempo de caminhar em fingido silêncio, e buscar o momento certo do grito... A mística quilombola persiste afirmando: a liberdade é uma luta constante”. (Tempo de nos aquilombar – Conceição Evaristo);

  • MANIFESTAÇÃO 1 minuto de silêncio por nossas memórias

  • RODA GRIÔ – espaço/quilombo de manifestação/protesto – silêncio e grito

  • Quais espaços / tempos usamos para nos manifestar e/ou protestar? 


4. Sobre o texto – conscientizar-se para existir/resistir/cuidar de si/nós:


  • Por quem ou porque estamos lutando? Quais sujeitos protestam e sob quais condições?

  • Os protestos/manifestações são respostas a que ou a quem?

  • Quem é mais afetado pela crise do novo coronavírus no Brasil? p. 3 

  • População afrodescendente/povos originários/quilombolas/mulheres/periféricos em contexto pandêmico – realidade que se sustenta pela violência histórica e estrutural como norma e não como algo episódigo.

  • Dados: Os negros representam 75,2% da parcela da população com os menores ganhos e apenas 27,7% dos 10% da população que tem os maiores rendimentos registrados pelo IBGE. p. 2

  • Dados: Enquanto 27,9% das pessoas brancas vivem em domicílios sem ao menos um serviço de saneamento, a proporção sobe para 44,5% entre pretos e pardos. p. 2

  • Pandemia e as aulas remotas: Os dados ainda mostram que em relação ao acesso à internet por pessoas entre 15 e 29 anos, 92,5% são brancos e 84,3% negros. A proporção sobre o uso do microcomputador para acessar a rede mundial, é de 61,6% entre brancos e 39,6% entre pretos e pardos. p. 2

  • Necropolítica - Administrar o mundo global é produzir a morte – a raça aparece como mecanismo classificatório/escolha de quem vive e quem morre. p.3 

  • Quais são as situações de vulnerabilidade e precariedade que lhes acometem? Para enxergá-las, é preciso desnaturalizar o nosso olhar de miopia social e racial produzida pelo mito da democracia racial. p.4

  • No Brasil, embora todas as estatísticas apontem para o genocídio da juventude negra e atos bárbaros como a morte... Não provocam espanto. p. 8

  • Trata-se do desafio de zelar pela vida e, ao mesmo tempo, agir politicamente diante da perversa imbricação entre pandemia, racismo, fascismo e necropolítica. Somos desafiados a mobilizar a nossa justa ira, nos dizeres de Paulo Freire, e ao mesmo tempo cuidar uns dos outros. p.9

  • Lutar contra a crise do novo coronavírus, numa perspectiva antirracista, é lutar contra o racismo, o cinismo social, o capitalismo, o neoliberalismo e a necropolítica. O caráter estrutural e estruturante da raça em nossa história social, política, econômica, cultural e educacional é de tal ordem que, ao considerarmos o seu peso na produção das desigualdades e na imbricação com o capitalismo, conseguimos refletir sobre os principais dilemas do Brasil e apontar caminhos mais democráticos para a nação. p.11



... Para continuarmos lutando/manifestando/protestando/existindo


“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…” (Paulo Freire)





 


PROJETO COVID-19: NARRATIVAS E CUIDADOS DAS PESSOAS AFRODESCENDENTES EM RELAÇÃO À PANDEMIA


PROJETO COVID-19: NARRATIVAS E CUIDADOS DAS PESSOAS
AFRODESCENDENTES EM RELAÇÃO À PANDEMIA
Guia de apresentação (Roda Virtual –Meet: https://meet.google.com/xgb-iadf-dik)
Mediadora: Francilene Brito da Silva Dia: 25/09/2020

1. Memória e sensibilização:
Não tenho essa discussão sobre relacionamentos toda organizada, sistematizada, etc. Várias
imagens vêm e vão, como estrelas, pequenas estrelas. Você terá de unir estas imagens, para
poder fazer algum sentido delas. O que é importante, porém, é ver nossa compreensão da
intimidade primordialmente como uma prática determinada pelo espírito ou autorizada pelo
espírito e executada por alguém que reconhece que não pode, por si própria, fazer acontecer

aquilo a que foi convidada.

(Sobonfu Somé)
 Masculino e feminino - além das concepções binárias de corpos;
 Como perceber as relações masculino e feminino em corpos?
 O sagrado é o feminino ou o corpo? Corpo como altar - tem uma
cosmopercepção e cosmovivência feminina? E a masculina?

2. Referência:
SAGRADO FEMININO E VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E CRIANÇAS:
PODEMOS ESCOLHER OS NOSSOS ESPELHOS? – Francilene Brito da Silva.

Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B_Dg2TKcVQ-
Tc0JIbnk0RGo3NTA/view

3. Mais sensibilização:
Conseqüentemente, é tempo de aprendermos a nos libertar do espelho eurocêntrico onde nossa imagem é
sempre, necessariamente, distorcida. É tempo, enfim, de deixar de ser o que não somos. (QUIJANO,
2005, p. 139).
 Que imagens/espelhos acionamos para enxergar/enxergarmo-nos o/no/como
sagrado/corpo - altar?
 Uma vivência com as câmeras desligadas ao entrar, a partir da epígrafe de
Gonçalves (2017). As câmeras como metáfora do espelho.
A Esméria parou na frente dele e me chamou, disse para eu fechar os olhos e imaginar como eu era, com
o que me parecia, e depois podia abrir os olhos e o espelho me diria se o que eu tinha imaginado era
verdade ou mentira. [...] Era como a água muito limpa, coisa que, aliás, ele bem parecia. Eu era muito
diferente do que imaginava, e durante alguns dias me achei feia, como a sinhá sempre dizia que todos os
pretos eram, e evitei chegar perto da sinhazinha. [...] E assim foi até o dia em que comecei a me achar

bonita também, pensando de um modo diferente e percebendo o quanto era parecida com a minha mãe.
(GONÇALVES, 2017, p. 85-86).
 Com quais espelhos estamos nos observando e sentindo diante de uma realidade
inóspita para nós? A COVID-19 quebrou ou reproduziu espelhos da
colonialidade/modernidade?
 Quais espelhos estamos usando para nos reconectar com o nosso sagrado?
 [...] deixar de ser o que não somos [...] (p. 11).
4. Sobre o texto - escrita de si/nós:
Mundo moderno/colonial – escravização/subalternização – raiz “racial”: implicações
dos espelhos eurocêntricos que causam em nós um desvio/esquecimento das nossas
sacralidade e alimenta as violências com as quais sofremos para além de um vírus.
5. Reflexões sobre o texto, mas que também é sobre si/nós... (Relatos pessoais)
 Anibal Quijano (2005) nos lembra: já é tempo de nos libertar destes espelhos (p.
1). Como as mulheres e as crianças afrodescendentes devem sobreviver a esses
espelhos? Quais cuidados tecermos juntos – homens e mulheres e o gênero que
quisermos ser? (p.2)
 Por que muitos círculos de aprendizagem e compartilhamento sobre o “novo
sagrado feminino” não repensa os espelhos que usamos? (p. 4) – As urgências
de processos de desaprendizagem e os caminhos/espelhos decoloniais;
● Diversas jornadas do sagrado feminino on-line com grupos de mulheres para os
seus próprios autoconhecimentos (criação de redes de cuidados e autocuidados).
Cosmopercepções de um corpo pluriversal, pois é travessia, enunciação e
sacralização (p.4).
● O sagrado feminino e as religiosidades – “o sagrado ligado à religiosidade brasileira
[...]”
● O ser/sentir/perceber-se esse/nesse corpo é a conexão/comunicação com o
sagrado (p.5)
● Hoje temos que nos perguntar também, que entendemos o sagrado feminino em
nós, quem é mais e menos considerada sagrada? O que isso tem a ver com o
cuidado e as nossas histórias contra a indiferença e a inação? (p.5);
● Mapa da violência (2015). Homicídio de mulheres no Brasil, p.39 – “mulheres
mortas por ódio ou por futilidades ou banalidades” (p.7) – Dados da
dessacralização do corpo feminino e a naturalização da violência;
● Domesticidade dos homicídios de mulheres – (A casa e a rua?).
● “Local das agressões entre homicídios de homens e mulheres - Homens são
mortos mais na rua e Mulheres são mortas na rua e em casa” (p.7) – Cuidados e
autocuidados com o feminino em tempos de isolamento social;
● Uma Educação de retornos e reencontros como nos orienta Paulo Freire (2005;
2011) – a “um passado glorioso para nos lembrar quem de fato somos”. (p. 10)
● Os espelhos distorcidos podem ser trocados por espelhos que nos permitam um dia
dizer “E assim foi até o dia em que comecei a me achar bonita também, pensando
de um modo diferente e percebendo o quanto era parecida com a minha mãe”?
(p.12)

 

PROJETO COVID-19: NARRATIVAS E CUIDADOS DAS PESSOAS AFRODESCENDENTES EM RELAÇÃO À PANDEMIA



3. Quem foi Sobonfu Somé

Sobonfu Somé foi uma professora e escritora burquinense, autora, palestrante, ativista,
especializada em tópicos de espiritualidade . Escreveu os livros: O espírito da
intimidade; Congratulando-se com Espírito Home: antigos ensinamentos Africano para
comemorar Crianças e Comunidade; Falling Out of Grace: Meditações sobre a perda,
cura e sabedoria; Sabedoria das Mulheres do Coração da África.
Fundou a Wisdom Spring (Sabedoria Primavera) organização para ensinar
espiritualidade Africana aos ocidentais e para fornecer água potável para as aldeias
em África Ocidental..
Morreu em 14 de janeiro de 2017, vítima de um sistema imunológico enfraquecido
atribuído à contaminação da água.
4. Do que trata o texto:
O abraço da comunidade é um dos capítulos do livro O espírito da intimidade, de
Sobonfu Somé, que analisa os relacionamentos e a intimidade através das lentes da
espiritualidade e dos ensinamentos africanos e mostra a importância que a comunidade
assume nesse processo.
5. Reflexões, buscas, conexões... (Relatos pessoais)
1. O que temos a aprender com Sobonfu Somé sobre sociabilidades,
espiritualidade, relacionamentos, intimidade?
2. Que relações você faz desses ensinamentos com seu modo de viver ocidental?
3. Como agregar “a conexão íntima” com a vida expressa por Sobonfu, no nosso
cotidiano, na nossa comunidade, entre os nossos?
● “A comunidade é o espírito, a luz-guia da tribo; é onde as pessoas se reúnem
para realizar um objetivo específico para ajudar os outros a realizarem seu
propósito e para cuidar umas das outras” (p.35)
● “Aqui no Ocidente, talvez nunca tenhamos o tipo de comunidade que tínhamos
na África. No entanto, podemos ao menos ter uma noção dela, permitindo que os
amigos participem de nossa vida”. (p.38)
● “Aqueles que moram no Ocidente podem criar uma noção de comunidade em
sua cidade. [...] São tentativas de recriar uma comunidade maior, que existia e
foi destruída” (p.41)
● “Como seres humanos, somos limitados ao que podemos fazer ou dar. Assim ao
educar crianças, precisamos definitivamente, do apoio de outras pessoas. É
como dizemos ‘ é preciso toda uma aldeia para manter os pais sãos’ .” (p.44)
● “Quando começamos a sentir um problema, pensamos que ele pertence somente
às duas pessoas envolvidas. Esquecemos que o espírito está lá. Tendemos a
esquecer que temos aliados que podem nos dar força. Esquecemos de pedir
ajuda aos nossos amigos e familiares. ” (p.47)
● “Precisamos abraçar o novo milênio, com um olhar totalmente novo, um coração
que permite respeito mútuo.” (p.52)

Postagem em destaque

Registro fotográfico do V CONGEAfro (2018). Fonte: Arquivos Roda Griô, 2023. Reprodução do Roteiro-Guia do encontro do Núcleo de Estudos e P...